Descubra qual a relação entre o intestino regulado e a psoríase
Você já imaginou qual a relação entre um intestino regulado e a psoríase? Parece algo completamente desconectado. E na verdade, quando falamos sobre doenças que se manifestam na pele, é comum imaginar que se o problema está ali, ele deve ser tratado ali, certo? Então, no caso da psoríase, a maioria das pessoas pensa que só a pele precisa de cuidados.
Logicamente, quem convive diretamente com a condição ou tem alguém próximo que desenvolveu a doença, sabe que os danos por ela causados vão muito além da camada externa do corpo. E para entender a íntima ligação entre o intestino regulado e a psoríase vamos pensar no corpo exatamente assim, em camadas.
Pense no planeta Terra. Quando um terremoto atinge a superfície, é óbvio que esse abalo vem do movimento de camadas muito profundas do solo. Na verdade, é como um efeito dominó. Ou seja, uma peça absorve o impacto e repassa para a próxima. Da mesma forma, o corpo humano é completamente interligado. Ele depende da harmonia geral para o bom funcionamento de seus sistemas.
Atualmente, algumas terapias naturais defendem que doenças de pele se manifestam apenas quando o organismo teve dificuldade de resolver alguma questão nas camadas internas. É uma forma de mostrar literalmente que ele está sobrecarregado de alguma maneira. Interessante isso. Afinal, é amplamente conhecida a ligação entre episódios estressantes e crises da doença.
Vendo por esse ângulo, dá para imaginar que exista sim uma forte relação entre o intestino regulado e a psoríase. Mas, como ela funciona?
Como o intestino regulado e a psoríase se conectam
Um estudo sobre a relação entre doenças de pele e o desequilíbrio da microbiota intestinal manteve o foco na estrutura multifatorial da doença. O que isso quer dizer? Isso significa que a psoríase se manifesta na pele, mas ela não começa ali. Ao mesmo tempo, o estudo destacou que a restauração e constante manutenção da flora intestinal têm um papel importante na prevenção e no controle dos episódios da doença.
A ciência já descobriu que o intrincado sistema que habita o intestino afeta diretamente a luta do corpo contra patógenos causadores de doenças. Ele também controla a digestão de alimentos e até mesmo a regulação do humor e processo psicológicos. De fato, as evidências mais recentes apontam para o fato de que o desequilíbrio das bactérias no intestino (disbiose intestinal) pode causar psoríase e outras doenças inflamatórias.
Aliás, com frequência, pacientes com psoríase acabam apresentando também a doença inflamatória intestinal, reforçando a relação entre o intestino regulado e a psoríase controlada e vice-versa.
Outro estudo publicado por um grupo de pesquisadores revelou que, no caso das pessoas com psoríase, a microbiota intestinal costuma ser diversa, mas não estável. Em outras palavras, o intestino oscila entre saudável e doente o tempo todo. No entanto, é importante lembrar que estamos falando de indivíduos de diferentes origens, rotinas e diferentes microbiotas também. Sendo assim, fica estabelecida a relação entre o intestino regulado e a psoríase. Mas, ainda não está claro se existem valores de referência que mostrem em que momento o intestino deixa de cumprir seu papel e a doença se manifesta.
Como a psoríase se manifesta?
A ciência tem demonstrado de forma cada vez mais clara a relação entre crises sérias de psoríase e alterações da microbiota intestinal. Acontece que a doença pode ser desencadeada ou agravada por micróbios específicos. Bactérias do tipo Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes, vírus como o papilomavírus humano e retrovírus endógenos ou até fungos como o causador da candidíase, por exemplo.
Mas, é importante lembrar que esses vírus, bactérias e fungos são oportunistas. Ou seja, normalmente, eles não causam muitos danos. Mas, como vimos, é um verdadeiro efeito dominó.
Ao encontrar um sistema imune fragilizado, eles conseguem se instalar e provocar a estimulação do sistema imunológico. Em seguida, confundindo células saudáveis com invasores, o corpo passa a atacar a pele, causando ou piorando o quadro de psoríase. Por fim, o organismo é incapaz de frear o ataque. Por isso, enquanto não for restabelecida a paz no intestino, vai ser bem difícil controlar a doença.
E tudo isso começou onde? Provavelmente, pelo desequilíbrio da microbiota intestinal causado por algum estresse, má alimentação ou contaminação tóxica. Mas, já existem outras linhas de pesquisa que sugerem outras formas de interação entre intestino e doenças autoimune. Daqui a pouco vamos falar mais sobre isso.
Importância do equilíbrio intestinal para a saúde geral da pele
Outros estudos recentes revelam que a flora intestinal equilibrada pode afetar o equilíbrio da pele e sua resposta imunológica por causa da migração do microbioma natural e seus produtos metabólicos para a pele. Basicamente, isso quer dizer que alguns componentes da microbiota podem deixar o intestino e viajar pela corrente sanguínea até a pele.
De fato, pesquisas comprovaram essa teoria ao encontrarem vestígios de bactérias de origem intestinal em amostras de pele retiradas de pessoas com psoríase. Ou seja, se por meio de suplementos e de uma alimentação rica em probióticos, houver o restabelecimento da flora intestinal, esse microbioma pode parar de vazar para fora do intestino bactérias e seus subprodutos.
Em estudos foram conduzidos para comprovar a eficácia dessa linha de tratamento. Neles, os indivíduos usaram probióticos por 12 semanas. Então, os pesquisadores observaram que cerca de 49% dos avaliados tiveram uma melhora importante nos sintomas. Confirmando assim a ligação entre um intestino regulado e a psoríase.
Além disso, essa descoberta também beneficia portadores de outras doenças de pele, observadas em indivíduos que apresentam desequilíbrio na microbiota intestinal. Mas, você talvez se pergunte: Será que o intestino tem tanto poder sobre o que acontece no sistema imunológico e no resto do corpo?
Entender como esse órgão tão complexo trabalha e está relacionado a outras doenças autoimunes pode te ajudar.
Intestino saudável e o controle de doenças autoimunes
Atualmente, a medicina está cada vez mais convencida do papel do intestino no desenvolvimento, na piora e no posterior controle de doenças autoimunes, incluindo a psoríase. Afinal, além de absorver nutrientes, o intestino possui conexão direta com o cérebro. De fato, crises de ansiedade, pânico ou depressão causam sintomas clássicos como diarreia, prisão de ventre ou fortes dores intestinais.
Ao mesmo tempo, ele possui função endócrina e produz diversos hormônios ligados ao controle da fome e ao bem estar, como a serotonina, por exemplo . Por isso, de acordo com a Dra. Amy Myers, especialista em doenças autoimunes, 80% do sistema imune depende da atividade normal do intestino. Além disso, o que você come afeta completamente o seu funcionamento. De fato, muito se tem falado sobre essa ligação em doenças como:
- artrite reumatoide;
- espondilite anquilosante;
- doença de Crohn;
- vitiligo;
- lupus;
- tireoidite de Hashimoto e outras.
Nova visão sobre a ligação entre o intestino regulado e a psoríase
A Dra. Myers acredita que um dos principais fatores no desequilíbrio intestinal é a síndrome do intestino permeável. Nesse caso, o revestimento do órgão é gradativamente danificado por alimentos com alto poder inflamatório. Entre eles, estão o açúcar, laticínios e glúten, por exemplo. Por isso, o intestino se torna incapaz de conter partículas de alimento não digeridas, bactérias e outros resíduos.
Anteriormente, falamos sobre como material genético de origem intestinal foi identificado na pele de indivíduos que sofrem com psoríase, certo? Pois, devido ao vazamento e a instalação desse material em outras partes do corpo, o sistema imune passa a atacar os invasores. E onde os anticorpos encontram rastros deles? Isso mesmo, nas células saudáveis da pele e de outros órgãos, gerando diferentes doenças autoimunes.
Até aqui, deu para entender a importância da conexão entre um intestino regulado e a psoríase. Mas, o que fazer para recuperar uma microbiota desequilibrada e reverter os danos causados por anos de alimentação incorreta? A partir de agora, você vai conferir 5 dicas cientificamente comprovadas para conseguir regular o seu intestino.
5 dicas com base científica para recuperar a microbiota intestinal
A microbiota intestinal formada por bactérias, leveduras e vírus é sensível e pode ser facilmente abalada. Levando em conta a possibilidade de restaurar a boa convivência de todo o microbioma ali existente, você pode achar útil seguir uma ou mais sugestões a seguir. Dessa forma, você pode conseguir ajudar seu corpo a se curar.
1. Adote uma dieta vegetariana
Estudos demonstraram uma diferença considerável entre a microbiota de pessoas que ingerem carnes e outras que seguem uma dieta vegetariana. Nesse caso, a quantidade ingerida de prebióticos presentes na dieta livre de carnes resulta na melhora da saúde intestinal. Ao mesmo tempo, diminui o grau de inflamação e melhora a absorção de nutrientes.
2. Faça uso de probióticos e prebióticos
Para fortalecer e aumentar as bactérias benéficas, algumas pessoas recorrem a suplementos de probióticos e a alimentos fermentados. De fato, esses são alguns dos raros casos quando uma “modinha alimentar” se prova eficiente. De acordo com pesquisas sua eficiência é comprovada para diminuir o grau de inflamação intestinal. Para conferir como eles agem no organismo, clique aqui.
Alguns alimentos probióticos são:
- vegetais fermentados;
- kefir
- kombucha
- kimchi
- iogurtes
- leites fermentados e outros.
Alguns alimentos prebióticos são:
- banana;
- chicória;
- alho;
- cebola;
- grãos integrais e outros.
3. Diminua a ingestão de açúcar e adoçantes
Um estudo realizado em 2015 indicou que o uso de açúcar e de adoçantes industrializados pode causar a disbiose, desequilíbrio da flora intestinal. Durante os testes com animais, ficou claro que a dieta rica em gorduras e açúcar afeta negativamente todo o intestino. Em consequência, pode afetar também o funcionamento cerebral e o comportamento do indivíduo. Já os adoçantes sintéticos, de acordo com outro estudo, se tornaram fortes suspeitos de causarem doenças metabólicas. Nesse caso, aumentam os riscos de doenças cardíacas e diabetes.
4. Durma o suficiente
Dormir cerca de 7 a 8 horas por noite pode melhorar o humor, a cognição e também a saúde do intestino. Um estudo sobre o ciclo circadiano indica que o sono perturbado ou a falta de descanso suficiente aumenta os riscos de doenças inflamatórias. E, como sabemos, todas as doenças autoimunes, são de origem inflamatória.
5. Troque os produtos de limpeza
Assim como o uso de antibióticos pode causar a morte de bactérias importantes para o bom funcionamento do intestino, a quantidade de produtos antibactericidas também pode influenciar na microbiota intestinal. Em 2018, um estudo científico demonstrou como a exposição de crianças pequenas a produtos de limpeza resultou em ganho de peso por desequilíbrio na microbiota intestinal anos mais tarde.
Para isso, os pesquisadores acompanharam cerca de 700 bebês entre 3 e 4 meses de idade. Assim, descobriram que crianças que foram expostas a produtos desinfetantes pelo menos 1 vez por semana, apresentaram o dobro de chances de aumentarem uma bactéria específica no intestino associada à diabetes e ao sobrepeso. Após 3 anos, as crianças que eram expostas aos produtos de limpeza tinham o índice de massa corporal superior às crianças que não eram expostas.
Nesse caso, o ideal seria recorrer a produtos de limpeza naturais como vinagre, bicarbonato, limão, sabão de coco e outros ingredientes.
Por que se preocupar em manter o intestino regulado?
Nesse artigo, tivemos a oportunidade de entender melhor como a psoríase se manifesta e como seu desenvolvimento tem íntima relação com a microbiota desequilibrada no intestino. Mas, o mais importante foi trazer base científica para que você possa entender os detalhes entre o intestino regulado e a psoríase. Dessa forma, você encontra bons motivos para fazer boas escolhas. Vimos também dicas que promovem mudanças saudáveis na sua alimentação diária. Assim, sua doença pode ficar sob controle, melhorando a sua qualidade de vida.
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